Um tremor de magnitude 6,1 atingiu o Haiti nesta quarta-feira (20), segundo o Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA. Segundo a agência de notícias Reuters, houve pânico entre os haitianos acampados em barracas nas ruas. O abalo ocorre oito dias depois que um tremor de magnitude 7 devastou o país, matando ao menos 75 mil pessoas, ferindo 250 mil e deixando um milhão de desabrigados, destruindo a capital, Porto Príncipe. O tremor ocorreu às 6h03 locais (9h03) de Brasília, segundo a agência americana. O epicentro está a 60 km a oeste-noroeste da capital, Porto Príncipe, e a 42 km da cidade de Jacmel, e a uma profundidade de 9,9 km. Não houve alerta de tsunami. Ainda não há relatos de novas vítimas.

É 2012 chegando....
De Porto Príncipe, o jornalista Fabiano Andrade, da rádio CBN, informou que o novo tremor foi “leve, mas suficiente para assustar os militares brasileiros”. Segundo ele, na base militar brasileira o tremor não provocou estragos, mas as consequências no resto do país ainda eram desconhecidas. Prédios na capital que já haviam sido abalados pelo tremor do dia 12 desabaram, segundo a agência de notícias Efe. Na cidade de Petionville, próximo à capital, jornalistas da France Press disseram que o novo tremor foi sentido durante 10 segundos. Temendo novos abalos, milhares de pessoas têm dormido nas ruas de Porto Príncipe desde a tragédia.
O foco do terremoto desta quarta-feira (20) no Haiti fica na longitude 72,88° oeste e latitude 18,43° norte. O da semana passada, 72,45° oeste e 18,45° norte. O hipocentro – o ponto de ruptura inicial, também chamado de foco – do tremor de hoje fica a 9 quilômetros de profundidade (epicentro é a projeção do hipocentro na superfície). O hipocentro do terremoto do dia 12 foi a 10 quilômetros de profundidade. Isso significa que a falha geológica que causou o tremor ainda está na fase de reacomodação, após o rompimento da semana passada.
“É uma réplica maior, e veremos réplicas mais ou menos intensas durante semanas ou meses”, explicou o sismólogo João Willy Correia Rosa, da Universidade de Brasília (UnB). “Ainda está havendo liberação de esforço na falha, e pode ser no mesmo ponto ou depois.” A crosta da Terra é constituída por cerca de uma dúzia de grandes placas tectônicas (ou litosféricas), delimitadas por grandes falhas e profundas fossas oceânicas. O movimento da camada mais externa da Terra, mesmo que sejam só poucos centímetros por ano, produz tensões que vão se acumulando em vários pontos. Os terremotos são efeitos desse processo geológico de acúmulo lento e liberação rápida de tensões entre as placas, quando as rochas atingem o limite de resistência e ocorre uma ruptura . O tamanho da área de ruptura, grande ou pequeno, determina se o evento será um mero abalo ou um terremoto de grandes proporções.
A magnitude do tremor desta quarta-feira, 6,1, é bem menor que os 7 da semana passada. Para entender: afim de comparar os tamanhos relativos dos terremotos, o sismólogo americano Charles F. Richter, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), formulou em 1935 uma progressão logarítmica com base na amplitude dos registros das ondas superficiais de choque captadas pelas estações sismológicas: cada ponto corresponde a 10 vezes a amplitude das vibrações do ponto anterior e a 30 vezes a energia liberada. Assim, as intensidades percebidas pela população hoje foram mais moderadas. A Agência de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) informou que a cidade de Petit Goave, com 15 mil habitantes, foi o local com a maior percepção de tremor (“severo”, ou grau 8 na escala Mercalli). Os 5 mil moradores de Grand Goave sentiram tremor “muito forte” (grau 7 na Mercalli). Para que se tenha uma ideia, o terremoto do dia 12 expôs 137 mil pessoas a efeitos “extremos” (grau 10 a 12 na escala). No nível 10 a maioria das construções é destruída até suas fundações, ocorrem danos sérios a barragens e diques e acontecem grandes escorregamentos de terra; na 11, tubulações são completamente destruídas; na 12, níveis topográficos são alterados e objetos são atirados ao ar.
By: Luca Lobo